sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Perfil de Nemanja Maksimovic (FK Astana)

Nemanja Maksimovic, sérvio de 21 anos (fará 22 a 26-Janeiro) atualmente representa o FK Astana do Cazaquistão. Destro, de 189 cm e que pesa cerca de 75kg, atualmente o seu valor de mercado ronda os 3 milhões de euros – o valor mais alto que atingiu. Entra no último meio ano de contrato e tem sido fortemente associado ao Benfica, sendo que o Astana terá que o vender neste mercado se pretender algum encaixe financeiro uma vez que é já um jogador-livre para assinar por qualquer clube (a representar a partir de Junho).

ANÁLISE

Como já referido é destro mas não tem uma má relação com o pé esquerdo. Médio-centro preferencialmente (8), mas também pode jogar como médio-defensivo (6), parece-me excelente numa dupla (4-2-3-1/4-4-2) como médio com maior liberdade, podendo ainda alinhar como médio-interior num 4-3-3, contudo parece-me que também se pode afirmar como médio-defensivo num sistema de pivot único, ainda que me pareça que lhe retira alguns dos pontos interessantes que revela.
Apresenta valências físicas para manter um ritmo elevado durante todo o jogo, destacando-se pela disponibilidade física e pela (boa) resistência que lhe permite uma grande ocupação territorial. Rápido e ágil, tem boa impulsão sendo, também por isto, uma apetecível armas em bolas paradas (ofensivas/defensivas) tanto como a entrar/fechar na grande área. Aporta, do ponto de vista mental, concentração, uma excelente atitude competitiva combinada com um apurado sentido coletivo e um assinalável temperamento. Realçar o facto de ser algo permeável na liderança – ainda que tenha sido capitão das seleções jovens sérvias – e na criatividade. Ofensivamente destaca-se pela simplicidade de processos – 1/2 toques -, excelente no passe curto com excelente relação passe -> desmarcação (excelente na criação de linhas de passe). Remate exterior de qualidade (mais em potência do que colocado) e ótima capacidade para surgir em zonas de finalização. Capaz de assumir ações de condução – não é o seu ponto forte – qualidade técnica sendo de destacar a capacidade no controlo da bola e na receção. Bom no jogo aéreo (excelente para atacar em lances de bola parada), mas também acutilante na velocidade de execução e astuto na tomada de decisão e visão de jogo. Por outro lado, revela-se perfeitamente capaz de adotar tanto uma defesa zonal como uma defesa individual perfeitamente identificável na capacidade posicional e na capacidade de marcação, que aliada a uma excelente reação à perda e antecipação (pontos mais fortes nos aspetos defensivos) mas também à sagacidade que demonstra no desarme e na interceção tornando-o capaz de fazer as várias funções no miolo, sobretudo defensivo, seja como 6, como 8 ou inclusive num duplo-pivot. Apresenta também relevância nas bolas paradas defensivas, pelo jogo aéreo + impulsão, sendo também de realçar a qualidade no 1x1 defensivo.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Tottenham 2x0 Chelsea - Análise dos dois golos

Curiosamente os dois golos do Tottenham nascem de lances com algumas nuances - importantes - a destacar:
1. a falta de apoio de Hazard nos 2 lances é crucial para aquele desenlace. Neste 5-4-1 defensivo a importância dos alas ajudarem a fechar os espaços exteriores é gigantesca;
2. Talvez sabendo da maior fiabilidade defensiva de Pedrito em relação a Hazard houve uma maior atração pelo corredor direito (do Tottenham) e sobretudo maior capacidade para criar perigo (7 cruzamentos, 2 golos contra 5 cruzamentos, 0 golos);
3. A falta de apoio de Hazard + a incessante procura por superioridade numérica nos corredores na fase de criação do adversário levaram a que além de Alonso e Matic fosse necessário o deslocamento de Cahill desfazendo a muito segura linha de 4 que normalmente apresentam sempre que conseguem atingir superioridade numérica no corredor lateral com o EXT, MC e DL (3x2);
4. Com o hipotético/necessário apoio de Hazard e porque o Tottenham atacava com 2 na banda não seria necessária a aproximação de Cahill (conseguiriam uma situação de 3x2 colocando Hazard+Matic+Alonso) reduzindo assim o espaço entre os elementos na linha mais defensiva e encurtando a margem de sucesso;
























CHELSEA FC: o 5-4-1 de Conte (Fase Defensiva)

Organização Defensiva- Estruturados em 5-4-1 numa defesa zonal num bloco médio de grande agressividade sobretudo para fechar os espaços dentro do bloco (as duas linhas: 5+4). «Campo pequeno» e contenção bem próxima do portador. Mais fácil explorar os corredores laterais, sobretudo com Matic + Kanté por dentro. Não é fácil batê-los na profundidade pois tem uma linha DEF rápida (Moses-Azpilicueta-David Luiz-Alonso), sendo que também raramente conferem espaço nas costas (quando o jogo está partido e/ou tentam pressionar alto concedem esse espaço). Destaque também para a dificuldade no jogo direto sobretudo na meia-esquerda (David Luiz, Cahill, Alonso e Matic) sendo mais fácil a meia-direita (Azpilicueta, Moses e Kanté, ainda que D. Luiz por lá surga). Como já referido o ADV e o jogo vão determinar a forma como defendem e consequentemente as fragilidades: se entrarem num jogo mais pressionante, de bloco alto mas também de maior risco destapam atrás (o Man. City conseguiu 3x3 com os DC’s numa bola longa, explorando o lado de Cahill – imagem 1ª Fase), se o ADV optar por um jogo mais pausado, procurando construir desde trás, com um ritmo mais baixo, então eles defendem num bloco médio, retiram profundidade, fecham por dentro/e dentro, convidam a jogar por fora, permitindo que a 1ª linha jogue com facilidade e circule por trás: preocupação é fechar dentro do bloco, evitar jogo interior entre linha DEF e MED. Na 1ª fase optam, como já referido, em função do jogo que o ADV promove, sendo que quando pressionam alto e sobem o bloco (x City) se expõem a situações de igualdade numérica onde acabam por encaixar em marcação individual, sobretudo porque aumenta exponencialmente o espaço entre linha média e a linha defensiva. Se o ADV entra num processo de construção (não num jogo de parada-resposta) estabilizam preferencialmente no bloco médio permitindo ao adversário uma circulação por trás ou entre a 1ª e a 2ª linha dependendo do posicionamento do AC. Não o fazendo de forma muito veemente promovem a saída exterior do ADV anulando o espaço interior [ver posicionamento táctico e corporal de Diego e Pedrito contra o Crystal Palace e Bournemouth, respetivamente]. A 2ª linha permite que a bola passe no 1º médio nas costas do AC sem se desequilibrar e procurando encurtar esse espaço. Difícil provocar bola no espaço entre DEF e MED – equipa curta, MED com boa leitura e DEF forte na antecipação (e rápida). Quando estão subidos facilitam a procura da profundidade ao adversário, quando estão recuados o melhor é provocar o espaço exterior. Na 2ª fase em espaço interior encurtam o espaço ao portador, se já recebe em cima da linha média defendem em 2, se estiver afastado defendem em 1+1 (contenção+cobertura) fruto da necessidade de um dos MC’s ter que saltar na pressão. A última linha não é perfeitamente articulada, tendencionalmente a linha média fecha dentro retirando esse espaço e convidando o ADV a ir para fora novamente. O espaço entre linhas é controlado pelos DC’s que encurtam o espaço ao possível recetor ficando com uma linha de 4 em cobertura, se já tiver saído 1 dos DC’s e existir outro movimento entre linhas com o DC ainda deslocado, eles adotam uma postura expectante na linha de 4 esperando que seja pressionado pelas costas ou pelo DC que saiu antes. Mantém a linha defensiva ampla facilitando a basculação para o lado da bola dos elementos exteriores (DL’s). Por fora forçam situações de superioridade numérica com contenção + cobertura duplamente (na linha média e na linha defensiva). Sem preocupação em fechar por trás, baixam bastante as linhas de cobertura («afundam» o bloco), isto torna ideal para um cruzamento ao 1º poste de zona recuada ou um movimento nas costas do DC em cobertura. Por outro lado, uma variação de centro de jogo, diretamente à largura ou por dentro – curta – gera dificuldades na basculação de todo o bloco exceção feita ao DL e ao ML formando temporariamente uma situação de 2x2 ou possível 1x1 entre o DL e o EXT contrário, neste momento após variação a cobertura está muito distante, sendo ideal para forçar duelos. Uma bola nas costas do DL leva a dobra do DC e o 1º fecha dentro, trocando de posição. Uma bola nas costas do DL e DC, é David Luiz que vai dobrar e mantendo a linha de 5, o anterior DL fecha como DC mais próximo da bola, e o DC do lado da bola passa a DC pelo centro (ver lance contra o City – 3ª fase fora). Na fase de criação do adversário por dentro destaque para a realização do encurtamento vertical e horizontal acentuado sendo de entender que o espaço entre setores é controlado pela saída de um DC da última linha e numa linha de 4 em cobertura (se 1 já tiver saído, já não saí outro, mesmo que o 1º tenha sido ultrapassado, fica a linha expectante). Os DL’s tem alguma dificuldade em encontrar o posicionamento correto e racional: veja-se no jogo contra o Palace o posicionamento de Moses no lado da bola e no jogo contra o Bornemouth o posicionamento de Alonso excessivamente aberto que permitiria – se a bola lá entrassa – que Gosling surgisse nas costas da linha defensiva aproveitando a saída de, no caso, Cahill (a explorar). O DC que sai fá-lo um pouco à queima, após isso adotam uma estratégia de proteção sem tentativa de desarme (controlo + encurtamento). Por espaço exterior privilegiam a superioridade numérica nos corredores laterais à colocar no mínimo 3 jogadores para obrigar a arrastar o MC e o DC mais próximos. Se não o fizermos fica uma linha de 4 dentro da área, se o fizermos reduz para 3 e aumenta a permeabilidade não só na 2ª linha (excelente para explorar) como na 1ª. A linha de 5 é forte pelo ar e difícil de bater no 1º jogador (ainda mais se ficarem 4 na área, mais acessível com apenas 3), contudo permitem algum espaço para forçar entre a DEF e o GR que os torna algo apreensivos. Com apenas 3 elementos tornam-se um pouco frágeis na zona do 2º poste sobretudo pelo espaço – grande – que existe entre as unidades (espaço que não existe na defesa a 4 na área).
Atenção: Zona mais frágil é o «Low-Left» com 4 golos sofridos (do ponto de vista de quem ataca) sendo de evitar remates alto e para a zona central da baliza.

































Transição Defensiva- Mudança rápida de atitude em momento pressionante e agressivo sobre o portador da bola procurando rapidamente recuperar a posse. Quando perdem alto/médio a reacção do(s) elemento(s) mais perto da bola é fundamental para permitir a subida do bloco – realizam-no bem! – contudo num jogo partido (de parada-resposta) estão permanentemente a realizá-lo (!). Quando perdem em zona recuada/média-baixa torna-se ainda mais importante a ação dos médios-centro (Matic + Kanté, também Cesc Fabregas quando joga) procurando rápido encurtar o portador permitindo assim o recuo da linha DEF.
Em qualquer dos momentos é mais indicado provocar a profundidade nas costas de Alonso-Cahill, sendo que em zona baixa (deles) devemos procurar largura pois tendem sempre a fechar o centro se o portador lá se encontrar [ver imagem ao lado – Palace x Chelsea].

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

CHELSEA FC: o 3-4-3 de Conte (Fase Ofensiva)

Organização Ofensiva- Equipa estruturada em 3-4-3 com predominância do jogo interior tanto em construção como em criação. «Campo grande» garantido pelos ML’s (Moses + Alonso). Variam um jogo curto com um jogo mais rápido com passes à largura ou a romper as linhas. Sem problemas em entrarem num jogo de aceleração constantes se o ADV estiver exposto: facilidade na profundidade, nos duelos (Diego Costa) mas também no transporte (Willian/Pedro, Hazard, Moses e Alonso). Apostam numa equipa próxima e com a primeira linha subida, inclusive na última fase com Azpilicueta e Cahill projetados e a garantirem cobertura ofensiva mas sobretudo a procurarem ser úteis (Azpilicueta mais forte pela facilidade em cruzar – é daqui que sai o golo contra o Palace, variação em 2ª fase, Azpilicueta projetado, assume recebe e assume condução entre espaço interior/exterior e cruza para Diego – enquanto Cahill revela mais dificuldades em criar perigo). Os alas jogam permanentemente por dentro conferindo um dos pontos-chave desta equipa à linhas de passe interior constantes e em grande número que facilita a tomada de decisão a portador. Não tem um jogo à profundidade muito frequente, sendo que o procuram mais numa transição ofensiva rápida e quando o ADV está descompensado/desprotegido. Não jogando com Diego Costa e jogando com um tridente móvel (Pedrito + Hazard + Willian) perdem a referência para jogo exterior e para jogo mais direto mas aumenta a mobilidade do tridente ofensivo e com isso as linhas de passe interiores existindo mais linhas de passe em construção, reduzindo – quase nulos em fase de criação! – os apoios frontais e aumenta a exploração das ruturas nas costas da DEF adversária sendo mais velozes mas também um pouco mais individualistas na definição. Na 1ª fase apostam sobretudo numa saída em 3+2 (DC’s + MC’s) desde logo projetando os ML’s nas bandas – profundos + largos. Não colocam Courtois neste momento pois é algo frágil quando pressionado. Quando não são pressionados, e de forma mais frequente por Azpilicueta, apostam em condução permitindo que a equipa suba territorialmente mas mantendo-se sempre os apoios interiores dos MC’s. Quando mais pressionados tem tendência para receber mais um apoio interior por parte do EXT (na imagem: Pedrito). Os MC’s são jogadores cultos e por isso procuram sempre fornecer linhas de passe preferencialmente dentro do bloco adversário. As soluções interiores são as mais procuradas logo a seguir procuram os ML’s, não forçam tanto as ligações aos avançados – mais até com David Luiz. A 2ª fase por dentro fica marcada pelo grande número de linhas de passe dentro do bloco desde logo entre linha defensiva e média do adversário, o portador tem sempre o apoio do MC do lado oposto – lateralmente – mas também recuada dos DC’s e à largura conferida pelos médios-laterais. Raramente optam por assumir ações de condução, privilegiando as ligações interiores e as variações à largura (Matic -> Moses-Pedrito/Willian; Kanté -> Alonso/Hazard, menos frequente). Condicionando as ligações interiores fecha-se a porta ao jogo interior e obriga-os ao jogo exterior para cruzamentos que está longe de ser tão perigoso como deixar a bola entrar em Hazard e Pedrito/Willian. Atenção a este momento, se estiver fechado à projeção do DC do lado oposto no espaço vazio. O AC fixo (Diego Costa ou Batshuayi) raramente procuram movimentos para apoio frontal entre linhas. Também não são muito dados a bola nas costas para rutura – nem desenham este tipo de movimentos. Em espaço exterior, Moses é mais perigoso – e incerto – que Alonso pela facilidade do 1º em assumir ações de condução, desde logo porque Alonso é mais retilíneo, procura linha final e o MLD tem outra facilidade em procurar o espaço interior para tabelar ou finalizar (não é muito utilizado!), é ainda mais forte no 1x1 ofensivo em relação ao MLE. Ainda assim promovem um interessante número de linhas de passe interiores (EXT, MC, DC). Todavia a solução mais vezes utilizada é a ligação interior para o EXT ou o MC, não havendo uma clara ideia de atacar por fora, tendem sempre a provocar dentro e, sem bola, projetar fora para receber (raramente a tabela é correspondida, utilizam mais o contrário: bola dentro, colocam no lateral e rompem nas costas do DL, por dentro para receber bola oriunda do ML). A fase de criação é toda ela marcada pela existência, ou não, de Diego Costa. Em espaço interior – mais vezes utilizada (69% das vezes, aproximadamente) e mais perigosa – existem dois padrões: 1) com Diego Costa – as decisões tornam-se mais colectivas e utilizam com mais frequência os apoios frontais que Diego realiza, segurando o DEF e permitindo que o portador, ao tabelar, entre na zona do DEF que Diego está a segurar. Contudo mantém os apoios largos ainda que não haja uma grande tendência para criar ruturas no espaço ficando mais dependente do portador; 2) Sem Diego Costa – o jogo de costas para a baliza é praticamente inexistente, tornando-se muito fortes nos movimentos nas costas em diagonal contrária (ver lance contra o B’mouth), tornando a decisão mais individual sobretudo por meio de finalizações exteriores/na entrada da área (atrás da marca de penalty): 12 contra o B’mouth (todos os remates!), 8 contra City e Palace. Por fora, o jogo é (todo) virado para Diego Costa, sem ele não representam grande perigo neste momento. Não tem muita astúcia a atacar o 1º/2º poste, fortes no espaço central por Diego. Ter em atenção às ruturas nas costas do elemento da contenção (vigiar!!) e sobretudo perceber que Alonso define melhor que Moses. Quando o EXT não está ao 2º poste o ML esboça um movimento interior para ocupar essa zona (mais felino Moses em relação a Alonso).
Atenção: Finalizações baixas em centro/esquerda (do guarda-redes) são as mais procuradas e onde têm maior sucesso – sobretudo na esquerda(!). O espaço frontal à baliza e exterior à pequena área é a zona mais utilizada na definição (último passe/remate) e é sobretudo zona de ação dos EXT’s e do AC.

































Transição Ofensiva- Quando recuperam baixo e o ADV está posicionado para pressionar (Palace x Chelsea) optam por recuar (MED-> DEF-> GR) até que despejam na frente sem grande critério (Courtois não é muito habilidoso com os pés). A recuperação pelo GR leva a uma verticalização rápida para os corredores laterais (Pedro/Willian, Hazard à principalmente; Alonso e Moses também). Quando recuperam baixo mas o ADV está exposto procuram acelerar (ver lance Hazard x Chelsea) em condução contudo também são fortes – sobretudo com Alonso, menos potente em condução! – nos lançamentos médios/longos à profundidade para o movimento nas costas da DEF (soberba ligação com Diego Costa!). Recuperando alto aumentam a velocidade e procuram atacar o espaço/a baliza, sendo que em zonas frontais também tentam meia-distância (abundante em 2as bolas). Particular atenção para os lances de bolas paradas defensivas onde propositadamente colocam Hazard subido para receber na frente e atacar logo (restantes sobem rápido).