segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Missão: «Incendiar» Copenhaga






















Amanhã quando o Porto entrar no Telia Parken, em Copenhaga, enfrentará o seu maior rival na qualificação para a fase seguinte da Champions e em caso de vitória garantirá o apuramento e levará para o Dragão a decisão da liderança do grupo como o campeão inglês Leicester. Ganhar na Dinamarca significa ultrapassar o momento mais conturbado da época, após a eliminação da Taça e aquele golo de Lisandro na última jornada da Liga.

A FIGURA DO COPENHAGA























Thomas Delaney, médio-centro, camisola 8 e capitão de equipa, já tem contrato assinado com o Werder Bremen da Alemanha. Apesar de estar enquadrado numa equipa que privilegia o jogo exterior – como veremos mais à frente – é ele a figura maior da equipa. Dinamarquês de 1,82m e 25 anos, já por 14 vezes internacional AA pelo seu país, revela um enorme sentido coletivo, uma excelente capacidade para reagir à perda da bola – peça-chave neste momento do jogo -, grande sentido posicional e rigor táctico que alia a uma excelente capacidade de passe (curto e médio), a uma enorme astúcia nos movimentos sem bola e sobretudo a um excelente critério decisional onde também impõe uma forte – no sentido qualitativo – meia-distância. Absolutamente preponderante na manobra ofensiva, tem 25 jogos esta época, 8 golos e 4 assistências.

COMO ATACAM





















Estruturados num 4-4-2 pouco dado a trocas posicionais e de grande preponderância do jogo exterior, não são muito dados a bolas longas na 1ª fase optando quase sempre por um jogo lateralizado, desde logo com grande orientação para os LAT’s e para os ML’s – que também auxiliam na criação de jogo interior procurando movimentos interessantes entre linhas, juntamente com Delaney. Optam quase sempre por manter esse jogo exterior até ao fim, rápidos e acutilantes por fora, são muito fortes no jogo para cruzamentos destacando-se a enorme capacidade no surgimento de um dos AC’s ao 2º poste mas também nos movimentos de rutura que o ML do lado da bola executa no espaço entre DC e DL. De alertar para a importância de condicionar as segundas-bolas e os lances de meia-distância. Apresentam um paupérrimo jogo posicional sobretudo quando se aproximam da área rival, onde são muitas vezes apanhados descompensados. Nos momentos de transição é quando jogam de forma mais nórdica, apostando sem problemas em «long balls» para o espaço onde Cornelius – sobretudo – é absolutamente agressivo e rápido. São altamente objectivos procurando atacar de imediato.

COMO DEFENDEM






















Estruturados num 4-4-2 tradicional de forte compactação defensiva verticalmente mas por vezes amplo horizontalmente fruto de alguma tendência dos DL’s – sobretudo – em vigiar mais de perto o movimento dos ML’s contrários. Defendem zonalmente com grande aplicação por parte dos ML’s – preponderantes a fechar por dentro a 2ª linha (!) – e também dos AC’s quase sempre próximos da linha média auxiliando no processo de construção a fechar o espaço interior tentando cortar as linhas de passe para o(s) médio(s). Destacar a tendência para marcar individualmente o AC nos lances de cruzamento e a descoordenação da última linha na fase de criação por dentro – procuram quase sempre ter a última linha «alinhada». Nos momentos de reação à perda, destacar o importante papel dos médios, sobretudo Delaney no encurtamento mas, sobretudo, a dificuldade que uma recuperação em zonas recuadas aporta fruto do jogo posicional paupérrimo acima referido, expondo muitas vezes 2 a 3 elementos, sendo que com Kvist ele auxilia no «pressing» mas depois de ultrapassado é uma auto-estrada, ainda que tenham nos DL’s e em Delaney facilidade de recuperação posicional. 

BOLAS PARADAS
Ofensivamente destacam-se os lances laterais onde revelam uma maior tendência na procura do espaço central e do 2º poste nos cantos – zona onde devem «cair» os avançados – e na procura do 1º poste nos livres laterais. Especial atenção a Augustinsson e Ankersen nos livres diretos. Defensivamente, destacar as marcações mistas nos cantos com predominância individual destacando-se a zona do 2º poste, sendo que os elementos zonais estão encarregues de atacar a bola e os individuais são altamente agressivos e «focados» nos duelos, sendo que nem um canto curto lhes retira o foco – sobem os zonais, as marcações individuais mantém-se até ao final da jogada.


*Relatório de observação do Copenhaga x Leicester para ver na íntegra em: http://wicoach.net/?st=reviews&id=136

sábado, 12 de novembro de 2016

O SuperClássico das Américas 2016





















A Argentina encontrou um Brasil agressivo e compacto a defender por dentro, que limitou o espaço de ação para Messi e por conseguinte anulou uma equipa inócua sem Léo, com um miolo preso atrás (Biglia e Mascherano), com Di María aberto e sem grande espaço para criar perigo, poucas/quase nenhumas hipóteses no 1x1 contra Dani Alves, enquanto que Enzo – perdido no corredor, foi absolutamente inexistente, sendo que apenas uma fugaz entrada em espaço interior (curiosamente no mesmo lance Di Maria também surge dentro e a Argentina consegue colocar o 1º em zona de finalização) o fez aparecer no jogo realmente e nem esse lance fez Bauza retirá-lo da faixa para dentro, antes tirou-o do campo mantendo a tração atrás no miolo sem capacidade de construção. Por outro lado, quer Higuain, quer Agüero não foram eficientes, tão pouco eficazes nos movimentos à profundidade – permanentemente apanhados em situações de fora-de-jogo.
Messi foi sempre «apertado» por dois: quer em zonas mais avançadas quando procurava nas entrelinhas arranjar espaço; quer no corredor quando para lá deambulava; quer quando recuava para pegar no jogo sendo que tudo isto foi agravado pela incapacidade da equipa gerar linhas de passe para progressão. Tudo isto explica a fraca produção ofensiva de Léo Messi num jogo em que mas uma vez a equipa o «atraiçoou», demonstrando a falta de capacidade de Bauza (treinador limitado e atrasado).
























O Brasil, por outro lado, encontrou uma Argentina que defende individualmente e que apostou permanentemente em duelos individuais, uma equipa que evidenciou pouca astúcia no controlo da profundidade, dificuldades em parar uma equipa que se movimenta com alguma liberdade, sobretudo por Coutinho. Gabriel Jesus nem teve muita mobilidade para sair da posição porque sempre que o fez – recuando – gerou espaço na última linha (em apoio) tal se verificou constantemente em situações de recuo de Neymar que esteve sempre em duelos com Zabaleta que apesar de ser agressivo e chato na marcação é lento e de fraca aceleração sempre que o craque brasileiro conseguia fugir, o mesmo não se verificou com Coutinho que foi menos constante nesses recuos procurando quase sempre infiltrar-se no espaço entre linhas – pessimamente controlado! – que foi explorado para surgir em zona fácil de finalização frontal para um jogador com o seu nível nas bolas de médias e longas distâncias.
Os argentinos foram sempre pouco capazes na reação à perda, desmontando a última linha com uma facilidade inacreditável – ver golo de Neymar – onde fica evidente a falta de percepção de prioridades e de controlo quer da profundidade quer da largura.
Todo o processo defensivo desta equipa fica dependente de marcações HxH, completamente mal executadas e que deixam claramente jogadores como Zabaleta, Biglia, Mascherano, os DC’s e Más em situações permeáveis contra jogadores do nível de Gabriel Jesus, Neymar, Coutinho, Renato Augusto, sendo de afirmar que o papel de Di Maria e Enzo foi absultamente interessante desse ponto de vista pois tem rigor táctico e são capazes de marcar os DL’s.
Bauza – antiquado, prova que foi uma péssima escolha.







A inteligência...fundamental!



Hoje vou falar-vos de tomada de decisão - processo mais difícil de avaliar para um 'scout' e extremamente complexo para quem joga.

Messi - esse mesmo! - é mais uma vez o exemplo a pegar, pela inteligência.

Um atleta que mede 1,69m, que não tem uma compleição física digna de um super-atleta capaz de ser o melhor do Mundo, tem que ter outras armas e arma que utiliza - para além da enorme capacidade técnica - é a sua inteligência, a perfeita noção de espaço e tempo, a capacidade de percepção o movimento dos adversários em milésimos de segundo que lhe permitem ver os espaços antes de qualquer observador ou qualquer outra pessoa.

É um génio. E tenho como demonstrar isso, através de imagens e da explicação das mesmas (e como bónus ainda tem uma comparação com o outro monstro do futebol mundial).

Saber o que fazer com bola é muito importante, mas vamos centrar-nos nos lances de capital importância num jogo de futebol: os lances de finalização. 

No campeonato da Europa, não aqui mas no meu Facebook lancei a dúvida sobre um lance de Cristiano Ronaldo no jogo com a Croácia que na 2ª bola dá origem ao golo de Portugal, mas tudo se resume a uma má decisão do craque português...logo, logo fui insultado de tudo o possível por ter uma opinião diferente, por olhar para o jogo e analisar com olhos de observador e não com olhos de português. Aqui está o lance:























Agora demonstro-vos lances semelhantes a este mas com Messi como protagonista (e antes que digam que não tem o peso de um jogo de Euro, são imagens de um classíco com o Atlético e da final da Copa del Rey como Ath. Bilbau, mas também de um jogo de liga contra o Málaga):





















Em todas as imagens Messi toma as melhores decisões, quer ao 1º poste, quer ao 2º poste, tudo depende da tal percepção do movimento/posicionamento (tanto táctico como corporal) do GR contrário.

Esta é a diferença porque Messi é estratosférico mesmo quando não está a top fisicamente, porque é o jogador mais inteligente e com uma velocidade de percepção imensa.

Para terminar mostro apenas dois lances de superior qualidade de visão de jogo e tomada de decisão do pequeno génio argentino de 1,69m. São lances que isolam os adversários na cara dos GR's e em que a decisão tomada é superlativa, mais dois exemplos perfeitos da enorme capacidade de Léo:





















Messi pode não ser o melhor jogador do ano (ainda não se sabe), mas é, seguramente, o melhor jogador do Mundo.
Para mim, é o melhor jogador da História. Porque eu acredito que o jogo é dos inteligentes e ele é o mais inteligente!

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Curiosidades do Clássico

 OS GOLOS PARA O CLÁSSICO

Marcados Porto x Sofridos Benfica


Marcados Benfica x Sofridos Porto


A faltar realizar um jogo a cada uma, (Benfica x Dinamo Kiev e Porto x Brugge) ambas realizaram - entre Liga NOS e Champions League - 12 jogos.
Benfica -> 24 golos marcados e 9 golos sofridos.
Porto -> 21 golos marcados e 7 golos sofridos.
Desta forma percebemos que o Benfica sofre mais golos na zona «Low Left» e «Low Right» - cerca de 78% dos golos - do que em qualquer outra zona da baliza, sendo que não sofreu qualquer golo na zona central da mesma, destacando-se os cantos superiores com 1 golo cada. No sentido inverso percebemos que o Porto tem, nessas duas áreas mais frágeis do Benfica, as suas zonas preferenciais para marcar, com cerca de 76% de golos. Sendo que 10% dos golos foram na zona mais forte do Benfica - a zona central da baliza, contudo ainda exploram aqueles 11% destinados ao «High Left» com uma procura de 14% (3 golos). Há, portanto, uma grande compatibilidade entre as zonas frágeis do Benfica e as zonas fortes do Porto o que poderá transmitir que os azuis-e-brancos tem uma grande probabilidade de fazer golos.
Por outro lado, o Porto sofre cerca de 86% dos golos nas zonas «Low» da baliza enquanto essa é, precisamente, a zona preferencial dos golos encarnados com cerca de 79% dos golos marcados até então. Sendo que desta forma se percebe que apesar da incidência de remates certeiros para zonas superiores por parte do Benfica - 5 em 24 (21%) essa é uma zona forte de Iker Casillas visto que apenas sofreu, na zona superior, «High Right» para ser mais especifico, 1 golo, tal como o Benfica apenas facturou por uma vez nessa zona, sendo que os restantes 4 golos nas zonas «High» foram em zonas onde Casillas nunca sofreu.
Posto isto, percebemos que também existe uma forte tendência que pode prever que o Benfica vai marcar, com uma enorme probabilidade de ser na procura do espaço inferior.
Conclusão: Ambas demonstram mais fragilidade em bolas baixas em relação a bolas altas, demonstrando que tem tudo para ser um jogo com golos (ambas sofrem mais de 0,5 golos por jogo e marcam mais de 1,75 golos/jogo - o Benfica tem 2 golos por jogo) e que existe uma enorme probabilidade dos golos sofridos serem em zonas baixas da baliza (Luz verde para atacar o espaços inferiores).