domingo, 3 de abril de 2016

Barça 1 x 2 Real Madrid


Primeiro jogo do Barcelona após a triste notícia da morte de Johan Cruyff, esse grande génio do futebol. Porventura o melhor jogador de sempre a ter sido um dos melhores treinadores de todos os tempos. Como alguém um dia disse: o holandês que mais amou o Barcelona na história.
Aqui, também, a nossa sincera homenagem a um homem que marcou a história do futebol. #GraciesJohan


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Análise de jogo:

Num jogo nem sempre jogado a um ritmo elevado, o Barça entrou a querer, como sempre, preservar a posse e «partir» para cima do Real de acordo com o seu ADN. O Real, mais compacto defensivamente que o habitual (aprendeu com os erros da 1ª volta e não voltou a escalar o definido «Onze do Presidente», definiu em Casemiro - pilar do jogo -, todo o equilíbrio que pretendia, utilizando a sua elevada capacidade de desarme e a sua enorme agressividade.
Algumas estatísticas:
-> 81% de eficácia no passe;
-> 40% de sucesso nos «tackles»;
-> 100% de duelos aéreos ganhos;
-> 3 intercepções;
-> 3 faltas cometidas, 3 faltas sofridas;

No plano colectivo, o Barcelona apresentou-se com grande aposta no seu jogo interior, limitando a acção de Jordi Alba pela esquerda e solicitando a Neymar largura (não raras vezes quando vinha dentro, Iniesta abria no corredor) nesse corredor, enquanto que Alves teve mais liberdade, mas foi sempre pouco acutilante.
Os «Culés» forçaram durante todo o jogo uma situação de 4x3 no miolo de forma a retirar a igualdade numérica e rigidez posicional que o Real ganhou com a inclusão de Casemiro como médio-defensivo e a dupla Kroos + Modric jogando como MI's, tendo em vista obrigar este miolo a bascular para o lado da bola, por dentro, e encontrar o homem-livre do lado oposto em condições de «criar» por dentro e assim manter protegido os corredores, pela não subida de Alba a equipa encontrar-se-ia sempre, no máximo, em situação de 3x3 com o tridente ofensivo do Real Madrid.


Conhecendo os antecedentes do Real Madrid (muitas vezes acusada de ser um conjunto de grandes estrelas mas não uma equipa no verdadeiro significado da palavra), era uma aposta fiável e de alguma segurança, também do ponto de vista defensivo. Contudo, bateu de frente com o grande espirito colectivo revelado por Bale e por Ronaldo que limitavam muito esta criação de espaços - como é visível na imagem, Bale «em cima» do homem livre. Ao Real faltou mais Benzema na pressão a Busquets, ao Barça faltou largura para criar um problema de posicionamento a Bale, sobretudo, uma vez que de um lado só estava Alves (do de Ronaldo), do outro estariam Neymar e Alba, por esta razão Bale teria que ir «caçar» Alba para evitar situações de 2x1 nos corredores.

A estratégia resultava na perfeição, não fosse a tal referida falta de largura, como também alguma falta de ritmo do Barça que não teve muitas «pilhas» e se no início era sagaz no momento de transição defensiva, procurando sempre «fechar» a profundidade, revelou mais dificuldades quando as forças começaram a faltar e o espaço começou a surgir. Até porque no início o Real forçou muitas bolas longas para as costas da linha defensiva Blaugrana - competente -, o que obrigava a rápidas mudanças de direcção e velocidade. Tudo isto a juntar ao desgaste físico agravado em jogadores como Alves, Suárez e Neymar, mas também Messi, que detém alguma importância em pressionar o portador após a perda, revelou espaços que os jogadores dos «Blancos» são muito capazes a explorar, mesmo nem sempre sendo eficazes, facilitaram a acumulação de fadiga mental e física.
Já não tão eficientes a recuperar como no início, o espaço começou a surgir e o Real cresceu no jogo, sobretudo no 2º tempo.

Do ponto de vista defensivo, o RM forçou a «abertura» da 2ª linha dos catalães, dando amplitude ao seu miolo e assim conseguiu encontrar espaços para sair em condução sobretudo porque conseguia forçar situações de 1x1 ofensivo com jogadores como Neymar e Rakitic, que contra Carvajal e Marcelo, respectivamente, não tinham grande margem de sucesso - os dois golos nascem de arrancadas dos DL's em posse, muito similares, apenas o de Carjaval é mais «rectilíneo»:

Golo Benzema
Golo Ronaldo

Ainda assim, de destacar a importância de duas más leituras de trajectória por parte dos «Culés» que saltaram fora do tempo e permitiram que a bola entrasse imediatamente atrás das suas «zonas» de marcação, sendo que o 2º golo demonstra uma grave debilidade do Barça em defender o 2º poste.

Por outro lado, a partir de determinada altura o apoio de Neymar e de Suárez (quando normalmente torna a equipa mais compacta, fechando por fora), ainda gerou mais debilidades aos Blaugrana que se demonstraram ainda mais debilitados na sua forma mais segura do ponto de vista defensivo.
Na imagem veja-se: 1) Marcelo e Carvajal largos e sem oposição; 2) Os 3 médios do Barça na mesma zona - fruto do posicionamento de Kroos, Modric e Casemiro na mesma «zona»; 3) A boa articulação da linha defensiva dos «Culés» que limitou o jogo de profundidade dos Madrileños.

Por outro lado, outros dos aspectos determinantes neste jogo foi a cobrança de cantos que demonstrou, estranhamente, mais debilidade do Real Madrid que do Barcelona - até pelas diferenças de altura: 178 contra 181 cm dos «Blancos», sobretudo significativa porque Piqué, Busquets, Rakitic e Suárez são os únicos com mais de 180 cm de altura, enquanto do lado dos Madrileños há: Pepe, Ramos, Casemiro, Kroos, Bale, Ronaldo e Benzema.
A razão? Em duas equipas que privilegiaram a marcação individual - Real marcou misto por falta de jogadores na área -, o Barcelona foi mais eficiente nos esquemas tácticos recorrendo a bloqueios - uma das formas de contornar uma marcação individual.
 Este é o lance do golo de Piqué: mas também Messi bloqueou. O Barcelona foi eficiente neste tipo de lances, colocando bloqueios directos - um jogador directamente a «travar» outro, mas também indirectos - como neste lance, em que Neymar vai intrometer-se entre Pepe e Piqué e arrastar consigo Bale, que dificultou depois a «perseguição» de Pepe.