sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O jogo pelo jogo vai sempre sorrir a quem o promove






















No futebol não existem milagres.

Existe competência, rigor, trabalho, ambição e coragem.

Não é pelo adversário ser mais forte, ter mais armas ou ser um candidato ao título que devemos deixar de querer jogar, de condicionar. 

O Belenenses não ganhou - que não espantou ninguém - mas o Sporting teve que «lutar» bastante para que isso acontecesse porque este Belém tem personalidade! Muita personalidade. E isso vale muito mais do que muitos pensam.

Com este comportamento vão, seguramente, mais longe do que aqueles que jogam baixos, a perder tempo e a bater na frente.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Pedro Rodrigues - «Pêpê»


























Pedro Filipe Figueiredo Rodrigues ou só Pedro Rodrigues, chamam-lhe «Pêpê». Tem 19 anos (nasceu a 20-Maio-1997) e é médio-defensivo do Benfica «B». Português e que veste a 88 encarnada, mede 1,83m e pesa 75 kg. 

Para o futebol nasceu no Ferreira de Aves até saltar para o Benfica então para os Sub-13, desde aí passou por todos os escalões da formação benfiquista e hoje assume-se como número 6 da segunda equipa. 

O Pedro é um craque. Não sprinta como um velocista, não acelera como muitos pedem, é um lento. Apesar do seu metro e oitenta e três não é um jogador dado a duelos físicos, não é um jogador agressivo sem bola e isso retira-lhe alguma da projecção que poderia ter. Mas é, acima de tudo, inteligente. Culto. Não é um criativo mas imagina os passes de rutura como poucos, tem confiança e é um jogador concentrado e consistente. Calmo e imperturbável.

Com bola é uma delicia vê-lo jogar. Cabeça levantada, facilidade de jogar com ambos os pés - melhor o direito! - mas sobretudo joga com a cabeça. Com o cérebro. Qualidade de passe - curto, médio e em rutura -, dono de uma visão de jogo sublime aporta a qualquer equipa uma melhoria inacreditável na tomada de decisão. Sem bola, como 6, garante linhas de passe nas costas da 1ª linha quando é necessário, garante segurança quando é necessário. Equilibra, cobre e mesmo assim joga muito. Prefere decidir rápido (e bem) do que andar muito tempo a tocar na bola, normalmente solta a 2-4 toques preparando tudo ainda antes de a receber. Não conduz solto, nem dribla como um desequilibrador mas protege bem a bola e é assertivo quando tem espaço e identifica que não há perigo. Médio-defensivo de perfil construtivo mas com capacidade para desequilibrar no último terço utilizando a sua enorme capacidade de passe - acima referida - mas aliando também uma muito boa capacidade de cruzamento - sendo uma clara mais-valia na cobrança de bolas paradas ofensivas.

Atrás destaca-se pelo posicionamento e pela marcação, compreende todos os passos que dá em campo, posiciona-se mais atrás quando os dois MC's jogam lado-a-lado, sobe para a linha média quando um deles salta na pressão - dentro do esquema de 4-3-3 que desenha a equipa B encarnada. Não o vão ver a desarmar como um polvo, intercepta melhor do que desarma - mais forte a desarmar quando o adversário está de costas e ataca pelo lado cego, praticamente não usa o carrinho. Fica claramente marcado neste momento por um défice de agressividade que lhe retira alguma firmeza neste momento e que fica patente nos lances de 1x1 - posiciona-se bem, na contenção e no encurtamento mas não é um jogador pressionante e dificil de ultrapassar, não mete o pé, não tenta roubar. Praticamente não antecipa. Se melhorar os níveis de agressividade está aqui mais um «6» português de classe.

Acredito que pode evoluir como um jogador para jogar num duplo-pivô com um companheiro um pouco mais físico e menos evoluído tecnicamente que ajude a destruir.

Numa equipa onde brilha João Carvalho, é «Pêpê» que prepara tudo.



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Organização Ofensiva do San Lorenzo






















Análise ao San Lorenzo no jogo com o Boca Juniors da Primera Division da Argentina, no dia 27-Novembro-2016 visto a partir da transmissão da SPORT TV3 ás 21h:30m hora de Lisboa jogado no Estádio Pedro Bidegaín, em Buenos Aires.


Estruturada em 4-3-3 com um triângulo tripartido (1+1+1) que a movimentação sem bola de Ortigoza muitas vezes aproxima de um 4-2-3-1 (sobretudo na fase inicial da construção). Apostam num jogo curto mas não se pode afirmar que são uma equipa de posse até porque preferem um jogo mais veloz, explorando não raras vezes a profundidade – sobretudo na fase de criação. Jogo rápido e profundo, com «campo grande» e boa utilização dos 3 corredores (apesar de usarem mais o corredor central para construir, utilizam mais o corredor exterior para criar, sendo que é por dentro que são mais fortes sobretudo pela qualidade de visão de jogo e tomada de decisão de Belluschi). Sem problemas em esticar o jogo na frente e apostar num jogo de bolas longas, sobretudo quando são pressionados atrás. Torrinco não tem grande facilidade no jogo com os pés, ambos os DC’s não são jogadores de carater construtivo pelo que tomam decisões simples, Más é mais ofensivo que Díaz pelo que Blanco tem mais facilidade/liberdade em surgir em espaços interiores, apresentando também uma melhor combinação entre DL e EXT no corredor esquerdo. No miolo destaque para a diversificação de papéis: Mussis é o médio mais equilibrador, de cobertura enquanto que Ortigoza é quem está mais destinado a realizar a ligação interior entre a defesa e o ataque+Belluschi. Por outro lado, Fernando Belluschi é muito mais influente no espaço de criação do que propriamente na etapa de construção (Ss MI’s – Belluschi e Ortigoza – tem tendência para cair nos corredores laterais: o 1º em troca posicional com o EXT e o 2º mais quando existe espaço entre setores do adversário e também entre DL e DC)! Caute é mais vertical em relação a Blanco, também por jogar com o pé trocado tem maior tendência para procurar espaço interior e Blandi tem facilidade em atacar as costas, servir como referência na área e, de forma menos constante, conferir e servir de apoio para tabela.



































Na 1º fase de construção é o momento onde utilizam bolas longas, sendo que é por Torrico a maior parte das vezes – quase exclusivamente – procurando o corredor direito (Caute) ou o corredor central (Blandi), sempre para duelos. Os DC’s, como já referido, não são jogadores de grande potencial técnico nem de perfil construtivo pelo que acabam quase sempre por tomar decisões simples e de risco baixo. Ortigoza é quase sempre a referência na criação de linhas de passe e na recepção, caindo na 1ª linha quando não encontra espaço entre setores para receber, sendo que também procuram os DL’s e Mussis – menos vezes este – e pressionados entregam em Torrico. Esta fase melhora claramente com  a inclusão de Ortigoza na 1ª linha ou quando consegue encontrar espaço para receber.






















Na 2ª fase em espaço interior, mais uma vez Ortigoza assume-se como protagonista com bola e procuram formar várias linhas de passe dentro e fora, sendo que o movimento interior dos EXT’s (sobretudo Blanco) mas também de Blandi/Belluschi entre linhas merecem uma chamada de atenção mas também a progressão dos DL’s que diria é a decisão mais tomada (também podem variar largo para um corredor onde está um jogador aberto – não necessariamente o DL). Mussis é menos influente nesta fase mas tem alguma qualidade, arriscando menos que Ortigoza também não complica e procura entregar de forma simples quer no companheiro mais próximo de miolo (Ortigoza) quer procurando os corredores laterais (DL’s + EXT’s). 






















No espaço exterior os DL’s projetam em condução quando podem – ver 2ª imagem – tanto por dentro como por fora existindo sempre linhas de passe tanto dentro como fora – se tiver procurado o espaço interior. Boa ocupação do espaço intersectorial – nos vários setores. Destaque para o posicionamento exterior dos EXT’s que convidam o DL a ligar por fora ou a procurar conduzir para dentro, mas também para o posicionamento interior dos EXT’s que convida a uma ligação entrelinhas ou uma condução exterior. Atenção a cruzamentos de zonas atrasadas e aos consequentes movimentos à profundidade.























Na fase de criação por dentro – momento de melhor capacidade decisional – colocam dois apoios à largura + profundidade com Blandi sempre em espaço frontal (pode romper ou dar apoio de costas para a baliza). Optam quase sempre por provocar os jogadores mais abertos (como no lance do golo, 2ª imagem). Muito perigosos a colocar no espaço e a rematar ao 2º poste em efeito. Procuram profundidade e podem colocar mais um jogador também a criar rutura.






















Por fora não são tão fortes, procurando especialmente a zona do AC, não existindo um padrão comportamental bem definido sugerem uma ocupação numerosa mas nem sempre racional, destacando a agressividade que colocam nos movimentos e a acutilância com que atacam o espaço entre DEF e GR sobretudo explorando bem o 2º poste (Blandi tem tendência para cair lá).