sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

«Qual é a liberdade que deve ser dada ao DL em posse?»

Evaristo, ídolo do Barcelona na década de 60, disse, um dia, que «[…] reter a bola é muito importante, recuperar quando se perde é mais importante ainda».

Pegando nesta ideia, surgiu-me uma pergunta: como é que se faz isso? Pressão, organização e equilíbrio.

Ora, até aqui, tudo parece simples e direto…mas afinal como é que se torna a equipa organizada a atacar quando tem que desorganizar o adversário? Um dos meus «preferidos» macro-princípios num jogo de futebol – em momento ofensivo – é o de «Campo Grande» ou de «largura» (já aqui debatido, http://aguerradabola.blogspot.pt/2016/02/largura-fundamental.html) do senso comum de qualquer adepto.

Desta forma, e no decorrer da visualização do jogo entre FC Porto e Moreirense, do último fim-de-semana deparei-me com o posicionamento interior de Layún – que demonstra a grande vontade deste na procura da bola, da equipa e do jogo e que acontece algumas vezes – e o posicionamento mais largo – não suficientemente – de Brahimi, mas isto trouxe outra questão: «Qual é a liberdade que deve ser dada ao DL em posse?».

Como está escrito neste blog, defendo a largura ofensiva, o «Campo Grande» portanto, mas defendo que deve ser feito apostando, sobretudo, na povoação de:
1) a zona da bola;
2) corredor central;

E com uma grande premissa: deve ser amplo mas realizado por 1 elemento. Permitindo que a equipa possa ter igualdade/superioridade no espaço fundamental do jogo.

Contudo, o que me chamou a atenção nas imagens não foi a realização errada do «Campo Grande» até porque apenas 1 está aberto e há grande concentração de jogadores na zona da bola e no espaço interior…mas sim o posicionamento subido de Brahimi e o interior de Layún que abrem uma cratera no espaço lateral que permite a criação do desequilíbrio defensivo no momento da perda. Ora, mesmo que a equipa tenha capacidade de pressão, não está organizada e tão pouco está equilibrada.



Isto sim, chamou-me a atenção.

O inverso, ou seja, o posicionamento subido/projectado de Layún e interior de Brahimi é frequente, para não dizer constante, mas é mais equilibrado porque Layún tem um forte ‘timing’ de subida, raramente apresentando-se tão «subido» em lances de pouca margem de intervenção. Desta forma, e como Brahimi estava muito subido – na 2ª imagem é notório o posicionamento na última linha –, a equipa apresentava uma grande «zona vazia» que podia ser explorado com uma rápida variação de centro de jogo após a recuperação da posse por parte do adversário.

Assim sendo, apesar da grande vontade de jogo de Layún, sempre que não é Brahimi a ir para dentro e a permitir o ‘overlaping’ do DL a equipa fica «coxa» no momento da perda.
Peseiro terá que «travar» esta vontade de ter bola e de participar de Miguel Layún (porque me parece que será mais fácil do que fazer com que Brahimi seja mais equilibrado e pense mais colectivamente – leitura de jogo).


*Nota: Sou um apreciador de Layún – já antes da grande época que estava a fazer – e, para bem do nosso campeonato, seria fantástico ser comprado pelo FC Porto e ficar por cá mais uns tempos e este artigo está longe de ser uma crítica à vontade, à raça ou à disponibilidade de Layun. Mas convém sublinhar que também é, por lacunas destas, que se perdem campeonatos.

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