Evaristo, ídolo do Barcelona na década de 60, disse, um dia,
que «[…] reter a bola é muito importante, recuperar quando se perde é mais
importante ainda».
Pegando nesta ideia, surgiu-me uma pergunta: como é que se
faz isso? Pressão, organização e equilíbrio.
Ora, até aqui, tudo parece simples e direto…mas afinal como
é que se torna a equipa organizada a atacar quando tem que desorganizar o
adversário? Um dos meus «preferidos» macro-princípios num jogo de futebol – em momento
ofensivo – é o de «Campo Grande» ou de «largura» (já aqui debatido, http://aguerradabola.blogspot.pt/2016/02/largura-fundamental.html)
do senso comum de qualquer adepto.
Desta forma, e no decorrer da visualização do jogo entre FC
Porto e Moreirense, do último fim-de-semana deparei-me com o posicionamento
interior de Layún – que demonstra a grande vontade deste na procura da bola, da
equipa e do jogo e que acontece algumas vezes – e o posicionamento mais largo –
não suficientemente – de Brahimi, mas isto trouxe outra questão: «Qual é a liberdade que deve ser dada ao DL em posse?».
Como está escrito neste blog, defendo a
largura ofensiva, o «Campo Grande» portanto, mas defendo que deve ser feito
apostando, sobretudo, na povoação de:
1) a zona da bola;
2) corredor central;
E com uma grande premissa: deve ser amplo mas realizado por
1 elemento. Permitindo que a equipa possa ter igualdade/superioridade no espaço
fundamental do jogo.
Contudo, o que me chamou a atenção nas imagens não foi a
realização errada do «Campo Grande» até porque apenas 1 está aberto e há grande
concentração de jogadores na zona da bola e no espaço interior…mas sim o
posicionamento subido de Brahimi e o interior de Layún que abrem uma cratera no
espaço lateral que permite a criação do desequilíbrio defensivo no momento da
perda. Ora, mesmo que a equipa tenha capacidade de pressão, não está organizada
e tão pouco está equilibrada.
Isto sim, chamou-me a atenção.
O inverso, ou seja, o posicionamento subido/projectado de
Layún e interior de Brahimi é frequente, para não dizer constante, mas é mais
equilibrado porque Layún tem um forte ‘timing’ de subida, raramente
apresentando-se tão «subido» em lances de pouca margem de intervenção. Desta
forma, e como Brahimi estava muito subido – na 2ª imagem é notório o
posicionamento na última linha –, a equipa apresentava uma grande «zona vazia»
que podia ser explorado com uma rápida variação de centro de jogo após a
recuperação da posse por parte do adversário.
Assim sendo, apesar da grande vontade de jogo de Layún,
sempre que não é Brahimi a ir para dentro e a permitir o ‘overlaping’ do DL a equipa
fica «coxa» no momento da perda.
Peseiro terá que «travar» esta vontade de ter bola e de
participar de Miguel Layún (porque me parece que será mais fácil do que fazer
com que Brahimi seja mais equilibrado e pense mais colectivamente – leitura de
jogo).
*Nota: Sou um apreciador de Layún – já antes da grande época
que estava a fazer – e, para bem do nosso campeonato, seria fantástico ser
comprado pelo FC Porto e ficar por cá mais uns tempos e este artigo está longe
de ser uma crítica à vontade, à raça ou à disponibilidade de Layun. Mas convém
sublinhar que também é, por lacunas destas, que se perdem campeonatos.